Só quero ficar nu

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Existe uma lei no mundo que não me permite sair de casa sem usar minhas vestes. A não ser em locais específicos, como a deliciosa praia de Tambaba, lá em João Pessoa. Nesse lugar é que se vive feliz. É que eu queria poder tirar as minhas roupas sem ser preso, mas alguém criou uma história de que não posso fazer isso, que isso é um tal de atentado ao pudor.

Sorte dos índios, os antigos índios, que podiam andar por esta terra maravilhosa, sem vestir esse jeans pesado que cobre minhas pernas. Sem abotoar esses dois botões da minha camisa polo. Que não precisavam andar por aí como um outdoor ambulante. É meu sapato Pegada, minha calça jeans Bivik, minha camisa Lacoste, meus óculos escuros Chili Beans, e até meu chapéu, digo, meu boné John John.

Mas um dia aqueles idiotas portugueses chegaram, e disseram vistam nossas roupas, pois é uma blasfêmia ao nosso Senhor vocês mostrarem suas vergonhas. Ora, mas que portuguesinhos filhos de uma mãe. Tiraram de mim um prazer que nunca tive. Um prazer que só me alimenta na hora do banho e na hora do coito. Ah o coito! Algo que evoluiu com o tempo. Pois se você não sabe, antigamente as chamadas moças de família, as esposas, só transavam com seus maridos vestindo roupas mais leves, mas mesmo assim ainda vestidas. Devia ser por isso que os cabarés faziam tanto sucesso.

O nu, a nudez, é apreciada, em quadros, em histórias, e hoje, na internet. O nu é o belo, o conquistável, o admirado quando está presente num belo corpo, como o da minha vizinha, que vocês vão conhecer no futuro. É que o nu tornou-se algo mágico, que todos queremos conquistar. Queremos ver o que há debaixo das vestes da loirinha de olhos azuis, da moça da padaria, e da mulher do patrão.

Mas o que eu mais queria era sair nu por aí. Não que tenha algo demais aqui embaixo capaz de deixar as mulheres loucas. Eu só queria ser livre, livre para fazer o que pudesse e quisesse. Livre para ter meus próprios pensamentos, e que eles não fossem julgados por nenhuma instituição, seja financeira ou religiosa. Queria ver também outros corpos nus, e que isso se tornasse naturalidade. Talvez assim fosse mais fácil falar de sexo, camisinha, virgindade.

Queria poder pensar com os meus próprios pensamentos, e que isso não me tornasse um herege, um filho do cramunhão, do coisa ruim. Só queria poder admirar os belos seios daquela pequena moça que sempre está lá, e que isso não me tornasse um tarado. E para quem acha esse mundo de todos nus utópico, é só pensar que é tudo questão de costume. Aqui rezamos para um deus, lá eles rezam para dois, três, cento e cinquenta e seis.

É tudo uma questão de liberdade, liberdade para falar claramente que só queria andar com o meu pau a mostra.

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